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O assunto fail fast ou falhe rápido é ponto de discussão frequente em reuniões e conversas sobre gestão de produtos a partir de práticas ágeis. Este pensamento, acredito eu, teve origem em uma ideia de Thomas Watson, o fundador da IBM. Ele acreditava que as empresas precisavam dobrar suas taxas de falhas para ter sucesso.

As abordagens ágeis auxiliam – ou deveriam auxiliar – organizações a criar produtos que resultam em entrega de valor que gera resultado, flexibiliza resposta às mudanças e proporciona transparência para novas tomadas de decisão. Para que as organizações consigam criar este tipo de ecossistema, o assunto fail fast ganha notoriedade. Entretanto, existe algo além de apenas falhar rápido:

O que estamos aprendendo com as falhas?

De nada adianta falhar, aceitar o erro e não aprender com ele. Esta reflexão surgiu após troca de palavras com Daniel Wildt sobre um post do SportsCenter, no Instagram:

Tradução livre do título: 
Estatística louca: Golden State está em décimo nono lugar em percentuais de arremesso de 3 pontos. Se Kelly Oubre não tivesse tentado arremessos de 3 pontos nesta temporada, o time estaria em quarto lugar.

Surgem alguns questionamentos interessantes:

  • Kelly precisa parar de arremessar?
  • Qual é o tipo de postura dos times adversários, a partir de agora, quando Kelly estiver com a bola e com possibilidade de fazer um arremesso?
  • O que o Golden State poderia fazer para melhorar essa estatística?
  • Que tipo de apoio poderia ser dado para Kelly melhorar os arremessos?

Podemos trazer este tipo de discussão para nossas organizações:

  • Nosso time precisa parar de fazer entregas para falhar menos?
  • A partir das nossas falhas, o que os nossos concorrentes percebem a partir do nosso produto? 
  • O que estamos aprendendo a partir de cada uma das entregas que estamos fazendo?
  • Que tipo de movimento poderíamos fazer em nossa organização para aumentar a nossa eficácia?

A falha em si não nos leva a um novo patamar sem aprendizado ou reflexão. Práticas ágeis são apenas o meio, não o fim. É preciso aprender e divergir opiniões para convergir logo em seguida. Traçar objetivos estratégicos e utilizar pilares de Transparência, Inspeção e Adaptação para direcionar os esforços para atingi-los no nível organizacional.

A transparência vai habilitar a empresa a inspecionar acontecimentos de maneira precisa, sem tornar tudo um grande desperdício. A inspeção, quando feita corretamente, evidencia os pontos de adaptação e alavancagem. Por fim, a adaptação poderá ser feita pela organização se as pessoas estiverem aptas e capacitadas para isso. É neste ponto que entra o suporte organizacional que garante que momentos como o de Kelly (e talvez o da sua organização) possam ser avaliados para levar a empresa a um ciclo de aprendizado contínuo, focado na geração e mensuração de resultados alinhados aos Objetivos Estratégicos.

Cada uma das perguntas acima abre diferentes discussões, mas o ponto central é complementar o fail fast com learn faster (aprender mais rápido). A tão sonhada agilidade organizacional não vai existir se o aprendizado não for visto como um dos pilares mais sólidos do negócio.

Referências:

 

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