Acessibilidade
Acessibilidade nas redes
4 minutos de leitura
“Diversidade é chamar para a festa, inclusão é chamar pra dançar.”
Você já parou para pensar como as pessoas navegam na internet?
Como sua avó consegue mandar uma mensagem no WhatsApp (mesmo que seja uma figurinha) sem precisar pedir ajuda? Ou como sua amiga cega faz compras online? Poderíamos pensar em muitos outros exemplos…
A imagem acima parece ser de um cenário muito feliz, porém passamos por uma realidade diferente. Segundo uma pesquisa realizada em 2020 pelo Web para Todos, milhões de sites estão OFF para muita gente!
Somente 0,74% dos sites foram aprovados em todos os testes.
Eles consistiam nos seguintes requisitos:
- Verificação da acessibilidade em formulários;
- Verificação de acessibilidade em imagens;
- Verificação de acessibilidade em links,
- Verificação de conformidade com padrão HTML do W3C.
Isso deveria nos fazer questionar:
Por que devemos pensar em acessibilidade?
A primeira palavra que vem à minha mente é: dignidade! Seguida de autonomia. Tornar a Web acessível é uma prática também de empatia e, acima de tudo, democratizar os acessos.
Além disso, existem, no mínimo, outros quatro tópicos que podem ser levados em conta ao pensar acessibilidade, são eles:
O impacto social
Todas as pessoas podem participar consumindo os produtos e serviços sem barreiras. Quando olhamos para o impacto, pensamos nos mais de 45 milhões de brasileiros e brasileiras que têm algum tipo de deficiência. No momento em que o seu site não está acessível, você deixa de se comunicar com muita gente. Investir em acessibilidade digital é falar com quem ninguém fala, é ouvir quem ninguém ouve, é dar oportunidade a quem pouco é dado.
Segundo Rafael Duarte, se você estiver de fato (e corretamente) investindo em acessibilidade, não tem problema nenhum sair por aí falando sobre isso. Você não estará se aproveitando disso para promoção, na verdade, impulsionará a acessibilidade no mundo. Ajudará a abrir os olhos das outras empresas do mesmo ramo que o seu (também de outros, esperamos) e ainda ganhará uma visibilidade que trará retorno para o seu negócio, seja financeiro ou de reconhecimento da marca.
O valor no negócio
Segundo a ONU, no mundo todo o número de pessoas com deficiência é de 1 bilhão, sendo equivalente a 3ª maior potência econômica. De acordo com o ebook da Sondery “Por que as pessoas cegas não compram no seu ecommerce”, tais pessoas têm uma renda disponível de US $490 bilhões.
A população com deficiência no Brasil está tal qual a população da Espanha. Quando não tratamos acessibilidade com a devida atenção, deixamos de atender o equivalente a uma nação inteira.
A inovação
É o terceiro motivo pelo qual devemos tornar as nossas aplicações acessíveis. O termo “Design Universal”, conceito formado por Ronald L. Mace nos anos 70 , sustenta a ideia de projetar produtos, serviços, ambientes e interfaces que possam ser usadas pelo maior número possível de pessoas.
Esses princípios foram pensados fundamentalmente para a arquitetura e urbanismo, mas será que eles não podem ser encaixados no mundo digital? Foi a proposta que Helena Duppre trouxe em seu artigo “Design universal aplicado no mundo digital — Faz sentido?”. Podemos então projetar nossas aplicações com o mesmo conceito de que o maior número de pessoas possam utilizá-las sem barreiras.
Performance é uma das grandes vantagens, a usabilidade precisa andar de braços dados com acessibilidade. Segundo Simone Bacellar Leal Ferreira:
“Usabilidade é o termo relacionado à facilidade de uso de um produto; já a acessibilidade refere-se à possibilidade de qualquer pessoa conseguir usar ou acessar esse produto.”
É lei!
Por último e não menos importante, devemos pensar em acessibilidade pelo motivo de ser lei! Em 2020, o Ministério Público lançou um projeto de monitoramento de acessibilidade em sites governamentais, nas 15 empresas de maior faturamento e nas 15 páginas mais acessadas no segmento de e-commerce.
Foi instituída a Lei 13.146 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência), que é destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, os direitos das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania.
Dois artigos são importantíssimos que estejam na ponta da língua: o artigo 63º e o 74º.
“É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente.” Art 63º.
“É garantido à pessoa com deficiência acesso a produtos, recursos, estratégias, práticas, processos, métodos e serviços de tecnologia assistiva que maximizem sua autonomia, mobilidade pessoal e qualidade de vida.” Art 64º.
Mas afinal, é dever de quem?
A responsabilidade de tornar o conteúdo acessível não é somente isolada de um papel, mas é dever de
TODOS.
A responsabilidade de tornar um conteúdo acessível para a Web não é apenas de desenvolvedores ou de profissionais envolvidos com um serviço ou sistema digital, mas sim de todos os envolvidos no processo.
Fontes:
Apresentação no TDC Connections 2021 https://pt.slideshare.net/VictoriaRaupp/acessibilidade-nas-redes-diversidade-chamar-para-a-festa-incluso-chamar-pra-danar
Lei http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm
Design universal https://www.helenaduppre.com.br/post/design-universal-aplicado-no-mundo-digital-faz-sentido
Acessibilidade e usabilidade http://nau.uniriotec.br/index.php/sobre/acessibilidade-e-usabilidade
Ministério Público Federal http://www.mpf.mp.br/sp/sala-de-imprensa/noticias-sp/mpf-seleciona-projetos-para-monitoramento-da-acessibilidade-em-sites-do-governo-federal-instituicoes-publicas-e-grandes-empresas