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Nos últimos meses, a Acessibilidade Digital ganhou destaque, não de uma forma boa, mas por mostrar que a maioria dos sites e aplicativos móveis não estão preparados para os idosos, pessoas com deficiência (PcD) ou qualquer pessoa com alguma dificuldade em interagir com páginas de bancos e e-commerces cada vez mais mirabolantes.

Imagem tirada de opendoodles

Quanto mais precisávamos desses serviços para comprar remédios, pagar contas ou mesmo pedir uma pizza, mais notávamos o quanto a Web e aplicativos precisavam ser acessíveis e mais simples de se usar para TODOS.

Por isso, queremos te dar o básico para começar a transformação digital que merecemos. Bora aprender?

Mas, o que é essa tal de Acessibilidade?

“Acessibilidade é a possibilidade de qualquer pessoa, independentemente de suas capacidades, usufruir dos benefícios de uma vida em sociedade. É a possibilidade de participar de todas as atividades, seja no uso de produtos, serviços e informação, com o mínimo de restrições possíveis

É oferecer possibilidades de transpor as barreiras que existem na sociedade e garantir que todas as pessoas possam participar dos diversos âmbitos sociais.” Jomar Cardoso

Quais são os tipos de Acessibilidade?

  • Acessibilidade Atitudinal: Acontece quando se elimina comportamentos ou atitudes que prejudicam, humilham ou negam oportunidades a qualquer pessoa.
  • Acessibilidade Arquitetônica ou Urbanística: Quando as ruas, as vias, os espaços e prédios públicos e privados estão adequados para os pedestres, cadeiras de roda, carrinhos de bebê, ou pessoas com bengala. E também quando há móveis adaptados em qualquer lugar, por exemplo, uma cama hospitalar com dimensões maiores para uma pessoa obesa.
  • Acessibilidade nos Transportes: Ônibus e carros adaptados, e aviões com espaço suficiente para todos.
  • Acessibilidade nas Comunicações e na Tecnologia: Qualquer indivíduo deve conseguir transmitir ou receber informação completa, simples e facilitada através dos sistemas de comunicação ou tecnologia da informação. Por exemplo, páginas Web e aplicativos móveis acessíveis, com alternativa de Libras e audio-descrição.

Fundação Dorina e INSEP

“O poder da Web está em sua universalidade. O acesso de todos, independente da deficiência, é um aspecto essencial.” Tim Berners-Lee, Diretor da W3C e inventor da World Wide Web

O que é Acessibilidade Digital?

“O acesso à Internet deve ser universal para que ela seja um meio para o desenvolvimento social e humano, contribuindo para a construção de uma sociedade inclusiva e não discriminatória em benefício de todos.” CGI.br

A Acessibilidade Digital, tanto em Web, aplicativos móveis e aplicativos desktop, permite que todas as pessoas naveguem e acessem os serviços e informações dessas plataformas.

Abaixo, são apresentados exemplos de como isso é possível em algumas áreas da empresa:

Engenharia

Boas práticas de programação: cada linguagem de programação tem suas bibliotecas específicas para a acessibilidade. O que é usado para o Android, não é o mesmo para iOS.

Além do mouse, habilite também o teclado para navegação.

Use ferramentas de testes de acessibilidade: elas permitem uma boa varredura do que pode ser melhorado.

Faça Pair Testing: Dois analistas de qualidade (um PcD e outro não), realizando os testes em conjunto.

Marketing

Use comunicação mais simples e direta nas páginas.

Use recursos que permitam a transmissão da informação de formas variadas: é possível inserir audiodescrição, Libras nos vídeos e legendas.

Use descrição de imagens nas redes sociais.

Administrativo/RH

Reveja os processos seletivos online: as ferramentas estão acessíveis para todos?

A comunicação das vagas PcD está realmente atingindo esse público?

Design/UX

Realize testes com PcD.

Analise contrastes entre textos e plano de fundo.

Cuide para que o layout se apresente de maneira simples, porém com todas as informações necessárias.

Imagem tirada de opendoodles

Porque é lei

Infelizmente, muitas pessoas nem sabem que a acessibilidade é um direito regido por leis, sendo uma delas a LBI (Lei Brasileira de Inclusão) e o artigo 63, que cuida exclusivamente da acessibilidade nos meios digitais:

Art. 63. “É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente.”

Quando entendemos do que se trata a acessibilidade, temos ferramentas para exigir melhorias, tanto para no mundo físico, quanto virtual, tanto para nós, quanto para aqueles que não têm esse poder. E já que é uma lei, temos como denunciar caso não esteja sendo cumprida.

Porque há normas e padrões

A Iniciativa da Web Acessível (WAI) do Consórcio da World Wide Web (W3C) lançou em dezembro de 2008 as Diretrizes de Acessibilidade na Web (WCAG), que é, basicamente, um guia com as recomendações para se ter uma Web acessível. Vários profissionais e organizações do mundo todo vêm constantemente trabalhando nesse guia, que terá uma nova versão nesse ano de 2021. As recomendações aqui apresentadas são também utilizadas em todo o mundo e muitos dos seus tópicos também servem para aplicativos móveis.

No Brasil, também temos o eMAG:

Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico — é um documento com recomendações a serem consideradas para que o processo de acessibilidade dos

sítios e portais do governo brasileiro sejam conduzidas de forma padronizada e de fácil implementação.

O eMAG é baseado no WCAG, mas contém algumas recomendações próprias.

Porque é lucrativo

Imagine que você tem um e-commerce que vende camisetas unissex a R$100,00 a unidade, e que seu lucro final é de R$30,00.

Você tem um público potencial de 1000 pessoas, porém seu negócio não é acessível e você deixa de vender para quase 250 pessoas (1/4 da população brasileira que é PcD), deixando de ganhar aproximadamente R$7.500,00.

Na próxima remessa, você deixará de ganhar os R$7.500,00 e mais aqueles clientes que foram impactados pela notícia de que seu comércio não é acessível, seja PcD ou não.

“Um relatório produzido pela Accenture, mostra que as pessoas com deficiência ao redor do mundo possuem uma renda disponível de US $ 8 trilhões. Logo, a quantidade de dinheiro que elas podem gastar diariamente é significativa. Só nos Estados Unidos o valor chega a meio trilhão de dólares e no Brasil, segundo o IBGE, 5,3 bilhões de dólares. Muitas empresas ainda não aproveitam este potencial e ignoram uma parcela da população.” O poder de compra da pessoa com deficiência — Sondey

Porque ter um propósito social deve ser o mais importante

A Acessibilidade Digital permitirá uma sociedade mais justa e inclusiva, pois TODOS terão acesso a educação, informação e serviços que o mundo digital nos traz a cada dia. Deixar milhares de pessoas sem acesso é segregar, marginalizar e excluir de maneira consciente e cruel.

“Para as pessoas, a tecnologia faz a vida mais fácil. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna a vida possível.” Mary Pat Radabaugh.

Números de PcD no Brasil

“Qualquer pessoa que possua algum tipo de deficiência permanente é conhecida como Pessoa com deficiência ou PcD.

Imagem tirada de opendoodles

De acordo com o Censo de 2010, cerca de 24% da população declarou ter alguma dificuldade para enxergar, ouvir, se locomover ou possuir deficiência intelectual, mesmo contando com facilitadores como aparelhos auditivos, lentes de contato e bengalas.” Jomar Cardoso

Classificação das deficiências e os dispositivos de auxílio

  • Deficiência motora: É a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano.
    Algumas pessoas fazem uso de próteses que substituem o membro todo, como um braço mecânico ou órtese, que auxiliam na função de algum membro como muletas, cadeira de rodas).
  • Deficiência auditiva: Existem pessoas com dificuldade de entender a fala em ambiente com ruídos, outras que conseguem ouvir alguns sons, mas não distinguem palavras, enquanto outras não ouvem som algum, apresentando surdez.
    Os auxílios para pessoas surdas ou com déficit auditivo são os aparelhos auditivos e dispositivos com alertas vibratórios.
  • Deficiência visual: Encontra-se uma variedade de intensidades e tipos de comprometimento. Por exemplo, algumas pessoas com baixa visão conseguem ler textos com fontes grandes ou com o uso de lupas, enquanto outras conseguem apenas detectar grandes formas, cores ou contrastes. E existem ainda aqueles completamente cegos.
    Alguns dispositivos de auxílio são: Lupa, leitor de tela, escrita em Braile.
  • Deficiência cognitiva: A pessoa com essa deficiência apresenta um funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas.
  • Surdocegueira : O comprometimento da visão e audição, simultaneamente, traz diversos prejuízos para o desenvolvimento, comunicação e socialização das pessoas com surdocegueira, principalmente nos casos em que os dois sentidos são profundamente limitados ou inexistentes.
  • Outras deficiências: É importante pensar que a acessibilidade digital engloba todas as pessoas que possam encontrar barreiras de acesso, utilização ou compreensão, sejam elas enquadradas no conceito de pessoa com deficiência ou não.

Esperamos que tenha aprendido algo nesse artigo e, se tem alguma crítica, sugestão ou elogio, por favor nos deixe saber.

E lembre-se: a Acessibilidade só será atingida quando todas as pessoas fizerem sua parte.

Esse artigo teve a colaboração de Jomar Cardoso e Joseana Mar.

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Abraço e até a próxima.

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